Praça da Estação - BHMG
Minhas últimas noites têm sido povoadas de sonhos ruins,
mais para pesadelos. Acho que fruto da vivência de tristezas, guerras,
tragédias e violência que, mesmo longe fisicamente, estão mais próximas do que
imaginamos.
Mas como não vale a pena descrever minuciosamente meu último
sonho, mesmo sendo ele interessante na sua estrutura, vou falar de uma
experiência vivida em uma de minhas caminhadas pelas ruas e praças de Belo
Horizonte.
Para ser sincera, como gosto de ser, tenho medo de ser
assaltada na rua. Então saio com o mínimo possível de acessórios que chamem
atenção daqueles que acalentam a filosofia do “que é seu é meu”. Daqueles que
não podem ver algo com alguém que logo querem pra si, e para isso tomam da
pessoa.
Sair de relógio, nem pensar! Desde o dia em que, num reflexo
inacreditável, dei um soco no pé do ouvido do assaltante e ele rodou de tonteira.
Nunca mais usei relógio! É claro que o assaltante era um adolescente! Daqueles
que saíam em bando pelas ruas do centro de BH fazendo terrorismo com os
transeuntes. Pois é, dei de cara com um... Estava usando o relógio no braço direito. Quando fui consertar a bolsa
que estava no ombro esquerdo, o danado voou no meu braço enfiando os dedos
entre ele e a pulseira do relógio. Como o meu braço estava junto ao peito, foi
só fechar a mão e derriçá-la na cara do sujeito. Meu Deus! Que vergonha! Bom, fazer
o quê? Pedir desculpa pro carinha? O certo é que minha cara queimou. Um rapaz que estava também
no ponto de ônibus olhou assustado, dizendo:
__ Nossa moça você é brava!
Tive outras aventuras parecidas. Uma dentro da minha própria
casa quando fiquei cara a cara com o ladrão que levou meu notebook que, ainda nem tinha acabado de pagar.
Deixando de lenga lenga e indo direto ao assunto, estava eu
caminhando, quando cheguei à Praça da Estação . O celular no silencioso, escondido no
bolso da blusa. Quando de repente meus olhos caíram sobre as flores de uma
árvore bem no centro da praça. Olhei de um lado e outro, parecendo uma
policial, verificando se havia por perto alguém suspeito. Achei que não. Meti a
mão no bolso e com a rapidez que pude, liguei o bichinho, direcionando-o para a
árvore a fim de dar o clik e escondê-lo novamente.
Exatamente nesse momento ouvi atrás de mim uma voz dizendo:
Exatamente nesse momento ouvi atrás de mim uma voz dizendo:
__ ô moça!
O susto foi tamanho que dei um grito! O cara se assustou também
e eu ri meu riso amarelo pro seu lado pedindo desculpa. Foi então que, me pediu
dinheiro. Enquanto ouvia sua história de
que morava na rua e precisava comprar um pão pro seu café da manhã, e que não era ladrão, fui observando
aquela figura exótica à minha frente.
Estava ele limpo vestido de calça Jeans, camisa floral amarrada
com um nó à frente exibindo sua enorme barriga. As unhas pintadas na cor rosa,
no pescoço um colar de metal bem trabalhado, os cabelos presos em um coque
daqueles usados pelas mães de antigamente na fase dos 60 anos. Seu rosto estava
rosado pelo calor do sol lindo e brilhante.
O cara acreditou que eu não tinha dinheiro. Acho que é
porque estava com roupa de caminhar. Me falou coisas bonitas, me desejou um bom
dia, boa sorte e “vai com Deus”.
Continuei a caminhada com a cabeça repleta de pensamentos
esquisitos. Não antes, de olhar pra trás para vê-lo uma última vez.
Como gostaria de ter fotografado o cara!
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